Quantcast
Channel: PESSOA
Viewing all 2451 articles
Browse latest View live

Posters / American Beauty


Dimitri Chapala / Mulheres

Mulheres / Jennifer López

$
0
0
La imponente silueta blanca …


Mulheres
Jennifer López
Las Vegas, 2013


Premiere Of FilmDistrict& …

Premiere Of FilmDistrict& …

La imponente silueta blanca …


La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

Premiere Of FilmDistrict& …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …

La imponente silueta blanca …



Morre John Hurt, ator de 'O Homem Elefante' e 'Harry Potter', aos 77 anos

$
0
0
John Hurt

Morre John Hurt, ator de 'O Homem Elefante' e 'Harry Potter', aos 77 anos

O ator britânico havia sofrido um câncer de pâncreas em 2015


EL PAÍS
28 JAN 2017 - 06:54 COT






John Hurt, com o prêmio BAFTA, por sua contribuição ao cinema, em fevereiro de 2012.  AP

O ator britânico John Hurt (Shirebrook, 1940), duas vezes nomeado ao Oscar pelas suas atuações em O expresso da meia-noite (1978) e O homem elefante(1980), morreu aos 77 anos, segundo seu agente confirmou à BBC. Hurt havia recentemente superado um câncer de pâncreas.

O autor participou de uma longa lista de filmes, de Alien, o oitavo passageiro - com a lendária cena em que um monstro sai do seu estômago - a três dos filmes da saga de Harry Potter, no papel de Garrick Olivaras, o fabricante de varinhas mágicas. Uma de suas últimas aparições na telona havia sido em Jackie (2016), um drama biográfico sobre a viúva do ex-presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, dirigido pelo chileno Pablo Larraín e protagonizado por Natalie Portman.
John Hurt


Em junho de 2015, Hurt revelou que havia sido diagnosticado com câncer de pâncreas em fase inicial. "Estou sob tratamento e estou mais do que otimista com um resultado satisfatório, assim como a equipe médica", afirmou o ator, na época com 75 anos. Em outubro daquele mesmo ano, anunciou que havia superado a doença.


Dois dos papéis mais aclamados do homem nomeado sir pelo Império Britânico foram o do deformado John Merrick, em O homem elefante, de David Lynch, e o do protagonista, Winston Smith, na versão cinematográfica do romance de George Orwell, 1984.
EL PAÍS





Joan Faus / A Colômbia é o país mais promissor da América Latina

$
0
0




“A Colômbia é o país 

mais promissor da América Latina”

Ruchir Sharma, responsável pelo departamento de mercados emergentes do banco de investimento Morgan Stanley, há anos analisa a evolução dos países emergentes



Ruchir Sharma, de Morgan Stanley
Ruchir Sharma, responsável pelo departamento de mercados emergentes do banco de investimento Morgan Stanley, analisa há anos a evolução dos países emergentes. Em 2012, ele publicou o livro Breakout Nations, atualizado em abril passado com um novo epílogo. Nesta entrevista concedida por telefone desde Nova York, ele analisa os desafios que a América Latina enfrenta.
Pergunta. Qual a sua opinião sobre a volatilidade econômica que alguns países emergentes viveram nas últimas semanas?
Resposta. A última década foi realmente uma década excepcional para os países emergentes, fruto de uma combinação nada usual de preços de matérias primas em alta pela demanda da China, muita liquidez e um custo de capital de risco muito baixo. Os países emergentes tiveram uma década muito pobre nos anos 80 e 90, portanto havia espaço para a recuperação. E logo veio o boom da última década, mas muitos não compreenderam esse boom e pensaram que permaneceria por um longo período de tempo. Em países como o Brasil todo o foco se afastou das reformas e se centrou mais em como gastar o dinheiro. As prioridades mudaram e o que vemos agora é que o boom das matérias-primas está chegando a uma espécie de fim.
P. E como essa volatilidade afeta a América Latina, por exemplo, a instabilidade do peso argentino?
R. Não acho que estejamos às portas de outra crise nos países emergentes, o que vemos é que há mais diferenciação. Na América Latina, a última década foi realmente do Brasil, mas agora o Brasil não está acertando e há muito otimismo sobre o México em Wall Street. A Venezuela é um país esquecido. É muito difícil dizer que a Argentina seja um grande problema porque é demasiado pequena para ter peso no mundo emergente.
P. O senhor vê um enfoque muito diferente nas receitas econômicas do México e do Brasil?
R. O foco em termos da ortodoxia econômica é bem diferente. O Peru, a Colômbia e o México têm bancos centrais muito independentes, um bom sistema de pensões, assim como o Chile. Acreditam mais no livre comércio, acabam de assinar um acordo nesse sentido com a Aliança do Pacífico. Esses países têm mais tecnocratas e menos interferência política nos assuntos centrais das decisões de política econômica. A disciplina fiscal também foi melhor. No caso do Brasil, houve uma deterioração na inflação e no déficit orçamentário; e há muito mais interferência do governo no setor privado. De um ponto de vista simplista, no lado esquerdo do continente estamos vendo as boas decisões de política econômica, enquanto no direito, as más.
P. Qual país latino-americano o senhor acha que tem melhores perspectivas de futuro?
R. Para mim a Colômbia é o que tem um futuro mais brilhante. É o mais promissor na América Latina porque no México o processo também parece brilhante, mas as expectativas são muito altas e o México terá que cumpri-las. Já na Colômbia as expectativas não são tão elevadas. As perspectivas parecem melhores do lado esquerdo, o que eu chamo da nova costa do ouro da América Latina, que são essencialmente o México, o Peru e a Colômbia.
P. O que acha que o Brasil deveria ter feito para evitar que sua economia perdesse velocidade?
R. O problema é que o gasto público é muito elevado em termos de percentual do PIB. Muito desse gasto não é em infraestrutura, mas em ter uma burocracia demasiado grande ou um estado de bem estar expansivo. Todo país deve ter gasto governamental, mas no caso do Brasil o percentual é o mais elevado entre todos os emergentes do mundo. E tudo isso contribui para que tenha impostos elevados, o que torna difícil fazer negócios.
P. O senhor acha que alguns desses países ganharão peso como atores políticos internacionais?
R. Terão que se concentrar muito mais em seus esforços econômicos internos. O Chile, o Peru, o México e a Colômbia parecem mais próximos entre si, por exemplo, com a assinatura dos acordos de livre comércio; já o Brasil, a Argentina e a Venezuela estão cada vez mais isolados na região.
P. Com o desenvolvimento econômico as classes médias foram se ampliado nesses países. O senhor teme que isso possa gerar protestos como os que vimos no Brasil em 2013?
R. Pode acontecer, mas não acho que seja uma questão de classes médias e sim fruto de uma insatisfação com os líderes políticos que estão no poder há um longo tempo. Em países como o Chile ou o México houve mudanças de governo. Os países mais vulneráveis acho que são os que têm um partido político que está no governo há muito tempo e não há perspectiva de mudança.
P. O senhor alertou sobre a enorme dificuldade dos países em desenvolvimento convergirem com os avançados...
R. No caso da América Latina foi preciso o típico: preços de matérias primas elevados para um crescimento rápido. Mas as matérias primas costumam subir durante uma década e nas duas seguintes tendem a cair. A América Latina tem que impulsionar mais sua base manufatureira e reduzir sua dependência das matérias primas, mas por ora não vemos muito disso.
P. Acredita que a retirada dos estímulos da Reserva Federal dos EUA afetará negativamente os países latino-americanos?
R. Eu me surpreenderia se fosse um grande problema para os emergentes. O grande risco é o crescimento da China se desacelerar, esse país comprar menos matérias primas e os preços caírem. Esse é um risco muito maior para a América Latina.
P. E um crescimento menor da China afetaria toda a região da mesma e maneira?
R. O Brasil é um candidato de risco, mas na verdade são todos porque a maioria das exportações de quase todos os países, com exceção do México, é de matérias primas. A Colômbia está numa situação um pouco melhor porque depende mais do petróleo e o consumo chinês de petróleo não é tão elevado.

América Latina

Brasil
Os problemas do Brasil são profundos. Não vejo nenhuma mudança de rumo cedo no Brasil, há muitos assuntos por resolver, a moeda tem que se desvalorizar. Seu setor de manufatura e a produção industrial seguirão com problemas, não vejo um futuro muito brilhante para Brasil nos próximos anos em termos econômicos.
México
Tem feito reformas econômicas mas agora temos que ver que as expectativas se convertam em resultados concretos. Há muita expectativa com o novo presidente [Enrique Peña Nieto] e as reformas, mas por hora o crescimento econômico foi decepcionante. O que a gente está olhando agora é que neste ano se consiga o crescimento econômico, há uma boa oportunidade de que assim seja mas estou preocupado pelo crescente otimismo no México.
Colômbia
A situação política é muito estável, parece que há uma vontade de reeleger o [o presidente Juan Manuel] Santos e ele está muito centrado em conseguir o acordo de paz com a FARC. Tem um plano muito ambicioso de construção de infraestruturas. As possibilidades de que Colômbia seja uma nação de sucesso são bastante elevadas.
Peru
Também aparece bem mas a situação política é um pouco mais instável. Teve um alívio com [o presidente Ollanta] Humala mas persiste a incerteza de se poderia fazer algo mais populista e abandonar a ortodoxia econômica. Não acho que o faça mas o risco persiste. Além disso, Peru é bem mais vulnerável aos preços das matérias-primas que a Colômbia, que é mais dependente em petróleo.
Chile
A perspectiva do Chile não é tão boa, não porque esteja indo mau, mas porque parece que alcançou um nível de rendimentos per capita relativamente alto e é difícil saber qual será o seguinte impulso a seu crescimento. A economia chilena ainda depende largamente das matérias-primas, não têm outros setores que estejam tão bem. A investigação, o desenvolvimento e a inovação são fatores que impulsionam o crescimento e Chile não está fazendo muito nessas frentes. Apesar de o Chile ter sido um ótimo modelo para América Latina nas últimas duas décadas, não acho que esteja fazendo muito mais agora para o fazer melhor.




Mulheres / Jane Birkin II

Patricia Highsmith / The Price of Salt

$
0
0

Patricia Highsmith
THE PRICE OF SALT


“A música vivia, mas o mundo estava morto. E a canção morreria um dia, pensou, mas como voltaria o mundo à vida? Como voltaria o seu sal?” 

Patricia Highsmith
The Price of Salt


Patricia Highsmith / Carol

$
0
0

Patricia Highsmith
CAROL
Cate Blanchett
Rooney Mara





Carol & Therese 

 Love at first sight



Posters / Hiroshima mon amour

Morre em Paris o filósofo e ensaísta Tzvetan Todorov

$
0
0


Morre em Paris o filósofo e ensaísta Tzvetan Todorov

Pensador franco-búlgaro refletiu em suas obras o que considerava como tendências totalitárias nas democracias contemporâneas


ÁLEX VICENTE
Paris 7 FEV 2017 - 13:36 COT
O filósofo Tzvetan Todorov, em sua casa em Paris. ERIC HADJ
O pensador Tzvetan Todorov (nascido em Sófia, na Bulgária, em 1939), considerado um dos grandes intelectuais contemporâneos, morreu nesta terça-feira em Paris (França) aos 77 anos. Educado na Bulgária comunista, vivia na França desde 1963. Linguista, filósofo, historiador, crítico e teórico literário, o autor de ensaios como L’Expérience Totalitaire (a experiência totalitária) ganhou o prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais em 2008, na Espanha.


Embora a Bulgária não fosse uma ditadura tão terrível como a da URSS, o que se passou na Alemanha nazista e na Rússia de Stalin provocou neste pensador franco-búlgaro reflexões que reuniu em Insoumis (insubmissos), seu último ensaio, sobre o qual falou a EL PAÍS em uma entrevista no ano passado: “Há formas de manter a dignidade moral em circunstâncias extremas”, disse naquela ocasião, quando repassou oito perfis de personagens que, como mostra em sua obra, se opuseram às barbáries do século XX, como Alexander Soljenitsyn, contra os soviéticos, ou a francesa Germaine Tillion, contra a Alemanha nazista. “Os nazistas e os governantes da Rússia comunista não eram a mesma coisa: tinham muitas diferenças. Mas os unia o ódio ao outro, ao que não os obedecesse”, afirmou então.
O filósofo também observou, em obras como L’Expérience Totalitaire (2010) e O Medo dos Bárbaros: Para Além do Choque das Civilizações (2010), o que considerava como tendências totalitárias nas democracias contemporâneas: a xenofobia, a falta de pluralismo e a expulsão dos imigrantes. “Este medo aos imigrantes, ao outro, aos bárbaros, será nosso grande primeiro conflito no século XXI”, disse em entrevista a EL PAÍS em 2010, anos antes da crise dos refugiados que hoje alimenta na União Europeia a ascensão de forças eurofóbicas de extrema direita.
Considerado um dos maiores intelectuais de nosso tempo, Todorov deu aulas na Escola Prática de Altos Estudos e na Universidade Yale, e ministrou suas aulas magistrais também nas Universidades de Nova York, Colúmbia, Harvard e Califórnia, nos Estados Unidos.
Desde 1987 dirigia o Centro de Pesquisas sobre as Artes e a Linguagem, do Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS, na sigla em francês), como destaca a editora do autor na Espanha, a Galaxia Gutenberg. Entre outros prêmios, foi distinguido com a medalha da Ordem das Artes e das Letras, na França, e o prêmio Príncipe de Astúrias de Ciências Sociais 2008, na Espanha.
Durante sua carreira, publicou diversos trabalhos, entre os quais Mikhaïl Bakhtine, le Principe Dialogique (Mikhail Bakhtin: o princípio dialógico) (1981), Les Morales de L’Histoire (as morais da história) (1991), Éloge du Quotidien : Essai sur la Peinture Hollandaise du XVII (elogio do cotidiano: ensaio sobre a pintura holandesa do XVII) (1993) e L'Esprit des Lumières (o espírito do Iluminismo) (2006). Todorov também dedicou parte importante de sua obra ao estudo da pintura e como ela reflete as mudanças no pensamento e nos valores das sociedades europeias, e como também participa deles. Dedicou-se ainda ao estudo do pintor espanhol Francisco de Goya.


‘Trainspotting’, 20 anos depois

$
0
0

‘Trainspotting’, 20 anos depois

O diretor Danny Boyle estreia a segunda parte de sua adaptação icônica do romance de Irvine Welsh

É o prato forte do primeiro fim de semana do festival de Berlim



GREGORIO BELINCHÓN
Madri 9 FEV 2017 - 17:32 COT


“Escolha a vida. Escolha um emprego. Escolha uma carreira. Escolha uma família. Escolha uma merda de um televisor grande. Escolha máquinas de lavar, carros, equipamentos de CD player e abridores de latas elétricos.” Assim começava o famoso monólogo de Mark Renton em Trainspotting, há 20 anos. Danny Boyle (Manchester, 1956), seu diretor, tinha claro: escolheu o cinema. “Apesar de tudo, das filmagens, da relação de irmandade que se dá entre as equipes, sou um tipo solitário. Eu me dedico a fazer as coisas por mim mesmo”. Seu segundo longa-metragem adaptava um romance de Irvine Welsh, e ambos, filme e livro, acabaram se tornando fenômenos de culto, retratos de uma geração e produto para as massas. Tudo ao mesmo tempo. Naquela onda entraram Boyle e um jovem Ewan McGregor, que encarnava Renton.

A onda passou. E sua ressaca. McGregor e Boyle voltam a se falar depois de anos de distanciamento por causa do personagem protagonista de A Praia, que McGregor não interpretou. O diretor ganhou Oscars, filmou sem parar, dirigiu uma cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos... T2 Trainspotting esperava na moita. Mas Boyle não via isso tão claro. “Há 10 anos nos propusemos isso. Mas o roteiro não era poderoso. John Hodge [o roteirista de ambos os filmes] e eu tínhamos claro que sem um bom libreto não filmaríamos.” Agora, sim, agora conseguiram e T2 Trainspotting é o prato forte deste primeiro fim de semana da Berlinale, onde se apresenta na Competição, embora fora da disputa. Na Espanha estreia em 24 de fevereiro.

Boyle poderia ter sido um grande Renton, por sua forma expansiva de se expressar. E sua capacidade para conectar metáforas (em Madri, pelo menos, por onde passou antes de ir a Berlim). Por exemplo, em sua reflexão sobre o que significa olhar para trás: “Quando você olha por um telescópio, as coisas parecem distantes, mas, se você o gira de repente, fica com a imagem em cima. Assim é nossa relação com o passado: às vezes você não se lembra de nada e em outras tudo cai em cima de você”. E nele caiu com o peso da nostalgia: “A única maneira de fugir dela é se esquecer da primeira parte. Mas no momento em que você encontra pontos de aderência ao primeiro Trainspotting, essa nostalgia te pega – prefiro usar melancolia – e não te solta. Porque o passado não está morto, ele te oprime. O primeiro não deixava de ser um artefato de energia. Este... poderíamos até imaginar que o quarteto protagonista tinha ido ao cinema para vê-lo e vivemos em um loop de tempo sem fim. Observe como os avôs e os netos se parecem. Quase prefiro deixá-lo assim... bom, vivo de criar ilusões, e isso é T2, uma ilusão de melancolia procedente de uma explosão de 20 anos atrás”. Para Boyle, um bom exemplo do cinema que mostra a passagem do tempo com toda sua crueza e sem melancolia é Boyhood. “Nunca queremos cruzar a linha, deixar de ser jovens. Pois chega o momento em que acontece”.
O quarteto voltou a se reunir. “Se no primeiro se dava entre drogas e juventude, agora falamos sobre a passagem do tempo e somos prisioneiros dos personagens.” Suas garotas os olham de uma distância sábia. Como sempre ocorreu no cinema de Boyle. “Porque as mulheres são muito mais sábias do que nós. Entre outras coisas, seu próprio corpo lhes outorga um profundo ensinamento sobre a passagem do tempo. Nós, porém, vivemos desesperados por ressuscitar glórias passadas, sem sentido. Por isso, lutam para que seus filhos não se pareçam com os pais em T2.”


Aquela viagem selvagem pelos excessos da heroína deixou seus cadáveres. “Sei que na Espanha aconteceu algo parecido na Movida madrilena. Na Escócia foi mais brutal o álcool, porque é legal e aceito socialmente. Até mesmo a violência que emana de seu consumo.” As dependências se tornaram parte dos personagens. Embora curiosamente antes buscassem vida para além da vida naquelas injetadas de ultrarrealidade induzida pela droga, e hoje a realidade se esconde sob camadas e camadas de relações virtuais por meio das redes sociais digitais. “O discurso ‘Escolha vida’ da primeira parte nascia da arrogância da juventude. Agora há outras opções, compatíveis. Mas tudo surge da decepção. Não acho que a resposta adequada seja que substituamos antigos vícios por estas novas tecnologias. Não é por aí. Se você é nascido na era digital – eu não sou, meus filhos, sim –, você vê de outra perspectiva. O que sei realmente é que não atenuam a solidão.”

Boyle não se importou de brincar com os ícones. “Entendo que tinha uma responsabilidade. Mas minha obrigação é para com uma boa história.” Apesar de tudo, há um discurso Escolha... e desta vez estava apontado na filmagem. “Agora já não é um mantra nem uma injetada de rock, de punk. Quisemos esquecer qualquer expectativa, mas, sim, me preocupava essa noite de filmagem.” E também deixou para trás qualquer indício de crônica social: “Fomos pegos pelo Brexit na metade da filmagem. Não se encaixava na trama nem com calçadeira. Na Escócia foi um terremoto. A little England nos matou, essa sociedade movida pela nostalgia ridícula, e a falta de liderança. Sabe o que nos passou na filmagem? Não sabíamos se deixar os euros ou não, e quando rodamos na porta do Parlamento escocês pusemos todas as bandeiras possíveis [risos]. Para não fecharmos nenhuma possibilidade!”.
No final, o diretor conta um segredo: “Roubei a conclusão de Trainspotting de Memórias do Subdesenvolvimento, de Tomás Gutiérrez Alea. Nessa ocasião, duvidei e duvidei. E só o encontrei quatro semanas depois de concluir a montagem. Mas é bom, hein?”


Citações / Homen de entedimento

$
0
0



HOMEM DE ENTEDIMENTO

A repreensão faz marca mais profunda no homem de entendimento, do que cem açoites no tolo.


Citações / O peão e o rei

$
0
0

O peão e o rei

No fim de um jogo de xadrez, o peão e o rei vão juntos para a mesma caixa.



Proust / Quando estamos apaixonados por uma mulher

$
0
0


Marcel Proust

Quando estamos apaixonados por uma mulher


[...] Compreendi melhor desde então que quando estamos apaixonados por uma mulher projetamos nela simplesmente um estado de nossa alma; que em conseqüência o importante não é o valor da mulher, mas a profundidade do estado; e que as emoções que uma moça medíocre nos dá podem permitir-nos fazer com que se elevem à nossa consciência partes mais íntimas de nós mesmos, mais pessoais, mais longínquas, mais essenciais do que poderia fazê-lo o prazer proporcionado pela conversação com um homem superior ou mesmo a contemplação e a admiração de suas obras.




[...] Je m’étais rendu mieux compte depuis qu’en étant amoureux d’une femme nous projetons simplement en elle un état de notre âme ; que par conséquent l’important n’est pas la valeur de la femme mais la profondeur de l’état ; et que les émotions qu’une jeune fille médiocre nous donne peuvent nous permettre de faire monter à notre conscience des parties plus intimes de nous-même, plus personnelles, plus lointaines, plus essentielles, que ne ferait le plaisir que nous donne la conversation d’un homme supérieur ou même la contemplation admirative de ses œuvres.


PROUST, Marcel. 

À l'ombre des jeunes filles en fleur

Gallimard, Paris, 1919.




Mulheres / Marion Cotillard III


Scarlett Johansso / “Casamento é uma ideia bonita, mas a monogamia não é natural”

$
0
0

Scarlett Johansson


Scarlett Johansson: “Casamento é uma ideia bonita, mas a monogamia não é natural”

A atriz, que se separou, fala de casamento e maternidade em uma entrevista à 'Playboy'


El País
Madri 15 FEV 2017 - 19:10 COT

“A ideia do casamento é muito romântica, é uma ideia muito bonita, e sua prática pode ser uma coisa muito bela. Mas não acredito que seja natural ser uma pessoa monogâmica. Pode ser que me critiquem por isto, mas acho que dá muito trabalho.” Com estas palavras a atriz Scarlet Johansson fala de casamento em sua última entrevista. “Dá muito trabalho. O fato de que seja tanto trabalho para todo mundo prova que não é uma coisa natural. Tenho muito respeito pelo casamento e fiz parte dele, mas, definitivamente, acho que vai contra algum instinto.”
A intérprete, de 32 anos, se pronuncia desta maneira poucas semanas depois que surgiu a notícia da separação de seu segundo marido e pai de sua filha. Declarações feitas para a edição de março/abril da Playboy – em um número em que a revista volta às suas origens ao introduzir a nudez de novo em suas páginas. Mas não ficou claro se a entrevista ocorreu antes ou depois de que em janeiro aparecesse a notícia de seu divórcio do jornalista francês Roman Dauriac, embora na entrevista ela o chame de “marido”. “O casamento é um contrato juridicamente vinculante e isso tem um peso”, diz ela, e acrescenta que é um estado civil que sempre muda as pessoas.
Uma entrevista na qual Johansson, que está divulgando o filme A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell, também fala da maternidade, um processo “incrivelmente profundo”, que a mudou, segundo afirma. E, em declarações um tanto mais politicamente corretas, diz que ser mãe é o melhor que lhe aconteceu na vida. “Sentia medo de que a minha vida fosse mudar, e isso aconteceu de uma maneira drástica. Mas me sinto em muitos sentidos muito mais eu mesma do que antes.”


Scarlett Johansson e, ao fundo, Romain Dauriac, no passado mês de outubro. CORDON PRESS


Roman Dauriac e Scarlett Johansson se tornaram pais de Rose Dorothy há dois anos. Os dois se casaram em 2014, depois de dois anos de relacionamento, e sua separação pegou muitos de surpresa em janeiro –alguns meios de comunicação dos Estados Unidos garantem que a ruptura aconteceu em meados do ano passado. Nenhum dos protagonistas falou sobre sua situação, mas ficou patente sua boa relação quando poucos dias depois se deixaram fotografar juntos em um evento. Antes, a atriz esteve casada com o também ator Ryan Reynolds, de 2008 a 2011, uma relação à qual puseram um ponto final por causa de suas agendas profissionais intensas.
Uma longa entrevista na qual trata de temas profissionais e também da vida privada, como quando foi vítima de uma invasão de seu correio eletrônico que terminou com fotos particulares dela circulando na Internet. “Foi uma loucura. Isso fez com que eu me desse conta de quanto somos vulneráveis a tudo isso. A pessoa que hackeou meu email fez o mesmo com outras 50 pessoas públicas e também com suas ex-namoradas. Pode acontecer com qualquer um.” Ela argumenta que por causa dessa sensação de vulnerabilidade, e por falta de tempo, não está em nenhuma rede social (“não é minha natureza”). Em 2012, Christopher Chaney, o homem que teve acesso às contas de email de Scarlett Johansson, Christina Aguilera e outras 50 mulheres foi condenado a 10 anos de prisão.


O adeus às peladas da revista ‘Playboy’

$
0
0


 O adeus às peladas da revista ‘Playboy’

Revista inicia uma nova etapa, sem nudez, por causa das novas tecnologias

Para Hugh Hefner, hoje o sexo está ao alcance de um clique


Irene Crespo
13 OUT 2015 - 16:50 COT
ver fotogalería
'.
“Você está a um clique grátis de qualquer ato sexual imaginável. Então a conjuntura mudou”, disse Flanders no The New York Times. O objetivo da Playboy sempre foi popularizar o sexo –desde aquela primeira edição, com Marylin Monroe na capa, trazendo nas páginas internas uma foto que a atriz havia tirado antes de virar um ícone. Mas a revista se viu agora superada pela revolução que ela própria liderou, e as playmates do mês já não são mais capazes de competir com a oferta sexual que a Internet oferece. 

A revista Playboy, fundada por Hugh Hefner em 1953, deixará de publicar fotos de mulheres nuas a partir de março, quando passar por uma repaginação. O executivo-chefe Scott Flanders levou essa proposta no mês passado à famosa mansão do fundador e ainda editor-chefe, que aceitou a ideia por considerar que aparentemente essa é a única forma de sobrevivência de uma publicação que, depois de vender 5,6 milhões de exemplares por edição nos seus primórdios, hoje não passa de 800.000. E tudo isso, segundo os responsáveis, é culpa da Internet. Por trás do logotipo com o coelhinho de gravata borboleta Hefner criou um império que ainda vende inúmeros tipos de produtos mundo afora, mas que sofre prejuízos anuais com a revista. Houve um tempo em que era ao contrário, e a Playboy servia como vitrine para atrizes, modelos e cantoras. Jenny McCarthy e Anna Nicole Smith ficaram famosas sendo capas da revista. E mulheres como Sharon Stone, Madonna, Naomi Campbell e Drew Barrymore apareceram nuas em suas páginas, nos anos oitenta e noventa, como forma de promover suas carreiras.

 

A circulação da ‘Playboy’ passou de 5,6 milhões de exemplares em 1975 para apenas 800.000 cópias hoje
Em suas páginas foram publicadas entrevistas com Martin Luther King Jr., Malcolm X, Jimmy Carter e com Lennon e Yoko Ono, dias antes de o ex-Beatle ser assassinado. Mas sempre havia uma mulher seminua na capa, porque Hefner –sem cuja extravagante e midiática personalidade ainda hoje, aos 89 anos, é impossível entender o sucesso da Playboy–, criou a revista principalmente para “apresentar a garota que mora ao lado”.



A publicação continuará tendo fotos de mulheres em poses atrevidas, e uma coelhinha será escolhida a cada mês, mas as imagens passarão a ser aptas para maiores de 13 anos, além de menos produzidas, ao estilo do Instagram. “Um pouco mais acessíveis, um pouco mais íntimas”, diz Flanders. Assim elas poderão ser incluídas nas redes sociais, chave no desenvolvimento atual dos meios de comunicação. Como prova disso, em agosto as fotos de mulheres nuas já não apareceram no site da revista, que passou de quatro milhões para 16 milhões de usuários únicos, com uma redução da média etária dos leitores, de 47 para 30 anos.




A intenção da publicação é precisamente atingir um público de 18 a 30 anos, homens que vivem na cidade e têm trabalho, segundo Flanders. E a tática para conseguir isso é reforçar as reportagens e entrevistas aprofundadas, outra das razões pelas quais a Playboy é uma revista de referência há 60 anos.





Em sua primeira carta ao leitor, em 1953, Hefner dizia: “Se você é homem e tem entre 18 e 80 anos, a Playboy foi feita para você. Nós nos divertimos misturando coquetéis com um ou dois aperitivos, pondo música ambiente e convidando a uma conhecida para conversar sobre Picasso, Nietzsche, jazz, sexo…”. E sobre esses dois eixos ele dirigiu a revista: temas para papo cabeça em ambientes sexuais.


‘Playboy’ volta sem nudez, com Luana Piovani e capa inspirada no Snapchat

$
0
0


‘Playboy’ volta sem nudez, com Luana Piovani e capa inspirada no Snapchat

Nos EUA, revista volta com modelo de 20 anos e capa vestida pela primeira vez em 62 anos

Já no Brasil, a lendária publicação volta às bancas com a atriz Luana Piovani na capa



EL PAÍS
Madri / São Paulo
  4 FEV 2016 - 13:23 COT



Em outubro de 2015, a revista Playbo anunciou o fim de uma era, após 62 anos publicando fotos de mulheres nuas. Em dezembro, Pamela Anderson estampava a última capa da revista com um nu. Agora, a nova etapa da publicação contou com a participação da modelo Sarah McDaniel. Este novo ciclo, no entanto, continua insinuante, e também faz uma aposta nos selfies e no Snapchat. Talvez por isso não seja estranha a escolha de McDaniel, 20 anos, para a capa da edição norte-americana, que chega às bancas em 12 de fevereiro. A modelo alcançou a fama depois que seus autorretratos no Snapchat foram publicados em várias revistas on-line, como na Brobible.


No mesmo dia em que a Playboy divulgou sua primeira capa sem nudez, na edição dos Estados Unidos, no Brasil, foi confirmada que a volta da revista às bancas será com a atriz e apresentadora Luana Piovani, 39 anos, mãe de três filhos e ex-modelo, que participou de uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira. No Brasil, a revista deixou de ser publicada pela editora Abril em dezembro de 2015, após mais de 40 anos, e agora volta a circular como um selo da PBB Entertainment. A Playboy também confirmou que não pagará mais cachês pelos ensaios fotográficos e, em carta divulgada pela PBB Entertainment nesta quinta, informou que o nu frontal não será mais "obrigatório". "Os ensaios não serão mais pagos com cachê porque o corpo da mulher não tem preço", informou a publicação, assinada pela diretoria da empresa. A previsão é que a publicação chegue às bancas brasileiras em março deste ano.







A escolha por Luana Piovani também mostra que, embora a Playboy norte-americana e a brasileira concordem em abandonar o nu frontal feminino como aposta, as edições apostam em caminhos distintos para conquistar o público. Piovani é um rosto conhecido dos brasileiros (sobretudo adultos) e tem quase o dobro da idade de Sarah McDaniel, desconhecida entre o grande público, mas popular entre os bem mais jovens justamente pelas fotos sensuais que publica no Snapchat e Instagram. A atriz brasileira comemorou a escolha com uma hashtag que exalta sua beleza madura: quarentonamodelomusa.





Em relação às fotos de mulheres nuas, continuarão sendo publicadas, mas serão bem menos explícitas. A mudança já havia sido adiantada pelo diretor-presidente da Playboy, Scott Flanders. As imagens serão adequadas para maiores de 13 anos e menos produzidas, seguindo o estilo do Instagram. "Um pouco mais acessíveis, um pouco mais íntimas", disse. Com esta aposta, a revista consegue garantir que suas imagens possam ter espaço nas redes sociais, algo essencial para o desenvolvimento atual dos meios de comunicação.







O número com Sarah McDaniel — que se destaca facilmente de outras modelos porque tem um olho de cada cor, uma condição genética chamada de heterocromia ocular— chega às bancas na próxima semana, mas já é possível ver algumas imagens no site da publicação. "A ideia das fotos era que me vissem a partir da mesma perspectiva do meu namorado", disse a modelo.






Sarah McDaniel para 'Playboy'.  PLAYBOY


Segundo o The New York Times, agora, as modelos que saírem nuas nas páginas internas da edição vão se cobrir com os braços. O jornal também afirmou que esta nova edição terá um pôster central com uma fotografia da bisneta de Ernest Hemingway, Dree Hemingway. Outra novidade é que a revista decidiu não usar o Photoshop nas imagens. "A Playboy terá uma imagem mais moderna e limpa. Continuará tendo uma playmate do mês, mas as fotos serão parecidas aos perfis mais ousados do Instagram", disse o presidente da revista.


Flanders foi quem apresentou a proposta de abandonar os nus a Hugh Hefner, fundador da revista, e a vendeu como a única solução para o futuro da publicação, cujas vendas caíram de 5,6 milhões de cópias nas primeiras edições para 800.000 atualmente. E tudo, dizem os responsáveis pela revista, por causa da Internet. Depois de criar o logotipo da coelhinha com gravata borboleta, Hefner montou um império que ainda vende todos os tipos de produtos ao redor do mundo e compensa as perdas anuais de publicação. Mas existiu uma época diferente, quando a Playboy servia de vitrine para atrizes, modelos e cantoras. Jenny McCarthy e Anna Nicole Smith ficaram famosas depois de saírem na capa da revista. E outras celebridades como Sharon Stone, Madonna, Naomi Campbell e Drew Barrymore apareceram nuas em suas páginas nos anos oitenta e noventa, aproveitando o veículo para promover suas carreiras.

Mulheres / Playboy II

“Eu me chamo Chavela Vargas. Não se esqueçam do meu nome”

$
0
0
Chavela Vargas
Pablo Gallo

“Eu me chamo Chavela Vargas. Não se esqueçam do meu nome”

Um documentário mostra a vida tanto selvagem como criativa da cantora mexicana, uma artista que lutou para defender sua liberdade e opção sexual




GREGORIO BELINCHÓN
Berlim 11 FEV 2017 - 18:22 COT

Chavela Vargas teve muitas vidas. Todas desmedidas e cheias de ânsia por liberdade. Algumas mais felizes, umas com mais amor, outras com mais álcool. E, em cada uma delas, lutou por não trair seus ideais e para ser ela mesma. Catherine Gund e Daresha Kyi reuniram todas as Vargas possíveis em Chavela, um documentário que estreou na sexta-feira em Berlim, na sessão Panorama, e que resume, com êxito, uma existência de 93 anos em 90 minutos.
Chavela Vargas não nasceu sendo Chavela, e nem no México. Natural de San Joaquín de Flores, Costa Rica, María Isabel Anita Carmen de Jesus Vargas Lizano (1919 – 2012) foi uma menina especial, e seus pais a escondiam quando recebiam visitas em casa por sua estranha maneira de ser e de se vestir. Quando eles se separaram, ela foi morar com seus tios, e, aos 17 anos, tomou uma decisão: se mudar para o México e começar uma nova vida como Chavela Vargas. O filme mescla entrevistas com a artista, em distintas épocas, declarações atuais de pessoas que a conheciam e amavam e apresentações e gravações históricas da cantora. Dessa maneira, Chavela é quem se encarrega de contar suas próprias vivências, como quando relembra seus primeiros anos no México e as tentativas de se apresentar como o resto das cantoras, com sapatos de salto e vestidos que a faziam tropeçar nos palcos. Finalmente, ela decidiu passar a usar suas míticas calças e ponchos, e, assim, foi descoberta pela esposa do reconhecido compositor e cantor José Alfredo Jiménez, em um clube, na década de 1940. Sua voz era única, e sua expressão corporal durante os shows também. José Alfredo percebeu que Chavela possuía uma extraordinária capacidade de canalizar a dor através de sua voz, e esse era um sentimento que fervilhava em todas as letras do compositor.
Aquela união, perfeita no campo artístico, também foi mítica com relação ao alcoolismo. Ambos bebiam muito, ao ponto de cair no chão dezenas de vezes seguidas depois de se embriagarem com milhares de litros de tequila. No entanto, o talento de Vargas se chocava, diretamente, com o México tradicional. Por isso, nunca podia se apresentar em lugares que não fossem clubes ou cabarés. Ela viveu uma história de amor com Frida Kahlo. Conseguiu certa fama em Acapulco, cidade que estava repleta de turistas norte-americanos, no final dos anos cinquenta. Cantou no casamento de Elizabeth Taylor e Michael Todd -"e acordei ao lado de Ava Gardner", conta Vargas-, e teve romances com dezenas de mulheres, inclusive com as esposas de altos funcionários do Governo mexicano. Entre elas, a namorada de Emilio Azcárraga, o todo-poderoso empresário que vetou sua carreira musical em gravadoras. E sim, ela chegou a participar de algumas séries de televisão e filmes antes de ficar doente. Durante anos, viveu da caridade de amigos. Até que, um dia, seu caminho se cruzou com o da jovem advogada Alicia Pérez Duarte, com quem teve uma intensa relação.
Pérez Duarte dá muitas informações importantes sobre a cantora no documentário Chavela. Fala, por exemplo, sobre sua capacidade de reinventar fatos de sua vida e transformá-los em lendas. Como quando deixou de consumir álcool e disse que isso foi mérito de xamãs. De acordo com Pérez Duarte, Chavela deixou de beber depois de um feio incidente com uma pistola que envolveu o segundo filho –que na época tinha oito anos- da advogada.
Além disso, a própria artista dizia que Isabel era uma pessoa maravilhosa, mas que Chavela era um touro difícil de montar.



ampliar foto





Sóbria, Chavela Vargas retomou sua carreira. A maior parte de seus fãs pensava que ela tinha morrido, mas, no final dos anos oitenta, ela reapareceu com um concerto na Cidade do México. Ali, conheceu um empresário espanhol, e, em 1993, se apresentou na Sala Caracol em Madri. Nesse momento, começou sua segunda carreira, na qual pode, pela primeira vez, pisar em teatros. Pedro Almodóvar se tornou seu amigo e padrinho, e conseguiu que ela pudesse se apresentar no Olympia de Paris. E, só então, o México decidiu abrir suas portas de maneira definitiva para Chavela, com um show no teatro de Belas Artes.
O longa-metragem traz de volta suas frases mais marcantes, que soam como bombas através de sua voz: "Eu sempre soube. Não existe ninguém que suporte a liberdade alheia; ninguém gosta de viver com uma pessoa livre. Se você for livre, esse é o preço a ser pago: a solidão"; "Ninguém morre de amor, nem por falta nem por excesso"; "O amor não existe, é um invento de noites de bebedeira".
O filme também ilustra sua solidão, sua independência, seu lesbianismo nunca anunciado, publicamente, até completar 80 anos de idade (provavelmente porque já não fazia falta dizer; ou porque, no México, tudo é permitido nos palcos, mas não nas ruas), sua liderança dentro da comunidade lésbica mexicana... Entre os espanhóis que dão depoimentos sobre ela estão Miguel Bosé, Elena Benarroch e Laura García-Lorca: seu último show foi na Residência de Estudantes de Madri em julho de 2012. Dois dias depois Chavela voltou, rapidamente, para o México, para poder morrer ali, o que aconteceu no dia 5 de agosto daquele mesmo ano.
Chavela é um documentário excepcional porque em 90 minutos fixa a imagem e a vida da artista sem regatear suas contradições, suas dores (morreu ainda ressentida pela falta de amor por parte de sua mãe), suas paixões e seu talento. Na sexta-feira, os aplausos em Berlim foram merecidos.
EL PAÍS

DE OTROS MUNDOS


Viewing all 2451 articles
Browse latest View live